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Hacking is an attitude

Está acontecendo em Amsterdam a exposição The Art of Hacking no Instituto de Artes e Mídias.

Os corredores do prédio estão cheios de retro projetores com explicações sobre as obras que ficam montadas nas salas. Ainda no corredor tem duas televisões com video cassetes e headfones que ficam passando em looping um documentário cada uma: Hippies from Hell (torrent) e WikiRebels (torrent).

As instalações são todas obras criadas por hackers que exploram sistemas de diversas maneiras, mas a maioria deles tem uma mensagem política em sua obra mostrando falhas nos sistemas legais, ou apontando questões de valores culturais ou mesmo forçando grandes companias a ter que expor suas reais intensões ao público.

Na primeira sala de exposição há vários mapas de redes colados pelas paredes com nomes de pessoas. Eles são mapas mostrando como é possível criar uma nova identidade inglesa a partir de vários sistemas diferentes e agindo legalmente. O artista explora uma brecha no sistema legal inglês que permite a um indivíduo ter várias identidades e ele cria identidades completas, com direito a cartão de crédito, seguro saúde, conta telefônica e vende por 200 euros para quem quiser. Os mapas mostram os caminhos possíveis para se construir um novo cidadão inglês a partir de um numero telefônico, ou um endereço, ou uma conta no banco etc. No centro da sala tem um vidro com os diversos objetos que o artista diz que representam a identidade criada.

Na segunda sala há uma série de obras, as que mais me chamaram atenção foi a rede social do supermercado, em que é criada uma rede a partir das informações obtidas com o cartão de desconto sobre os hábitos de consumo da pessoa, o medidor de resultados de busca que compara em tempo real se existem mais resultados para a palavra “paris” associada a “frança” ou a “hilton” e uma terceira em que os hackers encheram um pendrive com dados copiados da lixeira de vários computadores.

Além disso tem outras salas, uma delas apresentando o caso dos “Yes Man” que criaram um site falso com o nome da empresa Dow Chemichal dizendo que iriam indenizar as vítimas das ações da empresa na Índia e acabaram dando uma entrevista para a CNN em nome da empresa confirmando todas essas informações. Isso resultou nas ações da empresa no mercado perdendo seu valor e na Dow sendo forçada a ir na mídia para desmentir que não iria fazer nada em relação as mortes e doenças que havia causado.

No dia da abertura da exposição ainda tiveram duas perfomances, uma de poesia no IRQ e uma de dança. Eu só fui da de poesia, mas não consegui entender o que acontecia. Depois, conversando com o pessoal entendi que a poesia era feita junto com programação, mas não sei exatamente como.

Essa foi minha impressão da exposição. As obras são maneiras, propõe questões interessantes para serem discutidas e de uma forma diferente, trollar a CNN e fazer a Dow ter que admitir que não vai fazer nada em relação as consequencias do vazamento de químicos que eles causaram é bem maneiro. Houveram críticas sobre essa ação falando que eles deram falsas esperamças para as pessoas atingidas pela tragédia, mas em entrevistas no local as vítimas na verdade apoiaram a atitude deles porque chamou bastante atenção para a causa e deu grande visibilidade, além de forçar a compania a assumir a culpa publicamente.

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É dia de feira

Nesse post aqui eu vou falar sobre compras nos mercados, estando aqui a dois meses já deu pra ter uma boa idéia do que costuma ser mais barato aonde e ter algumas dicas sobre onde e como fazer compras.

Quem vier para Amsterdam e precisar ir a algum mercado é muito provável que acabe em um Albert Heijn, não por que ele é o mais barato, o que muitas vezes ele nem é, mas porque ele está por todos os lados. Praticamente em qualquer lugar da cidade que você estiver vai encontrar um por perto.

Mas se rendendo ao Albert Heijn até que tem uns produtos bem bons. A marca dos próprio supermercado tem praticamente todos os tipos de produtos e os preços são bem menores que a maioria das marcas. Todos os dias eles colocam 50 produtos em promoção que tendo o cartão do mercado você leva 2 pelo preço de um, e isso faz com que valha a pena. E eles tem umas refeições prontas que são bem boas e mais barato do que comer na rua.

Para fazer o cartão do Albert Heijn basta pedir na loja, eles fazem em um instante, então mesmo para quem está só de passagem por aqui vale a pena já que é bem provavel que se você for a um mercado acabe indo em um desses.

Aqui as marcas do mercado são boas e os produtos costumam ser bem mais baratos que as outras marcas tirando uma EuroShopper. Essa marca tem vários produtos a preços muito baixos, as vezes chega a ser 1/3 do valor dos outros. Por enquanto só vi produtos deles vendendo no Albert Heijn, mas talvez tenha em outros mercados também.

Mas o mercado que tem os produtos mais baratos que eu vi até agora é o Lidl. Apesar de não ter muita variedade de marcas nem opções, os produtos são certamente os mais baratos de todos, principalmente produtos de limpeza e higiene. Também é muito bom para carne e frango, eles fazem promoções muito boas toda semana, basta ficar atento.

Em Amsterdam tem também feiras de rua muito boas. São os melhores lugares para se comprar vegetais e queijos, os preços são infinitamente menores, tem muito mais variedade e a qualidade é superior, nada justifica comprar queijos em outro lugar que não as barraquinhas da feira. Tem uma muito grande e completa o Albert Cuyp Market. Mesmo para turistas é um passeio que vale a pena, ver todas as barracas, pode-se almoçar por lá mesmo nos trailers de croquete tradicionais e ainda levar uns queijos bem baratos.

A feira acontece todos os dias, menos no domingo e fica aberta de 9:30 até as 17:00. Ela acontece na Albert Cuyo Straat, que é pertinho do Sarphatipark, então ainda pode-se completar o programa com um passeio no parque para degustação dos queijos adquiridos  no mercado.

Praça do museu

A Holanda tem muitos museus interessantes, só em Amsterdam tem mais de 50. Na Museumplein tem um foco com três dos maiores: o Rijksmuseum, o museu do Van Gogh e o Stedelijk Museum.

Rijksmuseum

É o museu Real, tem uma coleção permanente bem legal, com artefatos antigos de casa, muita porcelana, tem um violino de porcelana bem bonito. Trabalho antigo com madeira também, tipo machetaria muito maneiro; e uma coleção de quadros irada. Tem umas pinturas do Brasil colonial, da época da ocupação holandesa no nordeste que é maneira, porque depois que voltaram para cá alguns pintores continuaram a pintar paisagens fantasiosas inspiradas no Brasil, então são uns cenários bucólicos de Olinda e Recife, interessante ver a visão que eles ficaram de lá, certamente não pegaram o carnaval.

Museu do Van Gogh

O museu do Van Gogh tem 3 andares dedicados ao artista com a coleção permanente e um que recebe exposições intinerantes. Na parte dedicada a Van Gogh conta a tragetória artística e pessoal dele com uma vasta coleção de quadros. Atualmente a pintura do quarto está exposta lá e tem toda uma apresentação sobre o trabalho de reconstituição dessa obra com até uma ambientação do quarto dele em tamanho real.

Uma pena que o céu estrelado não esteja lá, ele fica no MoMA em NY. Mas tem muitas outras obras famosas que podem ser vistas lá, como o girassol que são muito bonitas. Tem também muito trabalho dele que eu não conhecia e achei muito maneiro como as pinturas dele dos trabalhadores rurais da Holanda.

Stedelijk Museum

O Stedelijk Museum está fechado para obra atualmente (2011), mas no site deles diz que reabrirá em 2012. De fora parece ser bem grande. Na verdade o Rijksmuseum também está em obra e a maior parte das alas dele estão fechadas, mas o que se tem para ver lá vale a pena.

Uma boa idéia para quem pretende visitar muitos museus em Amsterdam e na Holanda é pesquisar sobre o Museumkaart. Comprando o Museumkaart você tem livre acesso a vários desses museus durante 1 ano. É um investimento válido, em setembro de 2011 custou pouco menos de €50,00. E óbvio que quanto mais você utilizar ele, mais vale a pena. A entrada dos museus varia bastante de preço, mas somando alguns deles já cobre esse valor, sem falar que o cartão também serve para outras coisas também como jardins botânicos.

Ocupe Amsterdam

Hoje foi um dia de manifestações em diversas partes do mundo. Em Amsterdam aconteceu uma mobilização acompanhando todas as manifestações globais.

O que deu início a toda essa onda foi onda de protestos e manifestações que aconteceram no mundo árabe desde dezembro de 2010 e tiveram por característica mobilizarem as pessoas por meio das redes sociais. Essa movimentação ficou conhecida por Arab Spring e foi o que inspirou essas manifestações seguem todas mais ou menos um mesmo formato: são todas articuladas pela internet, chamam as pessoas para se mobilizarem contra o sistema atual, são apartidárias, não tem nenhuma reivindicação específica nem proposta.

#occupyWallStreet

Desde o dia 17 de setembro as pessoas estão acampadas nas ruas em NY protestando contra as desigualdades de distribuição de renda e poder nos Estados Unidos. Carregando o lema de que “nós somos os 99%”, eles dizem que representam a maioria da população que não participa das decisões que guiam a economia do país e reivindicam que o poder economico não deve ter tanta influencia nas políticas de Washington.

Pela natureza da campanha e toda sua articulação se dar no mundo virtual, é interessante ver a presença de muitos ícones da cultura popular da internet presentes na manifestação. Pode-se ver cartazes e mascaras com memes, rage comics e a figura que virou o rosto mais presente na manifestação foi a mascara de Guy Fawkes do quadrinho e filme V de vingança.

Diversas celebridades já demostraram apoio aos manifestantes e muitos até mesmo se misturaram ás multidões, mas os grandes suportadores desse movimento e que já fizeram algumas ações até em favor foram os hackers do grupo Anonimous denunciando abuso policial contra os manifestantes e divulgando alguns videos de suporte online. E no site AnonOps pode-se acompanhar todas as atividades dos Anonimous relativas ao #occupyWallStreet

#occupyAmsterdam

Aqui em Amsterdam a manifestação aconteceu na Beursplein, é um ponto bem central da cidade, fica perto da estação Central. É bem visível e a rua foi fechada, de modo que não passavem carros nem trams. Haviam pessoas com cartazes pedindo por mudanças e fim das desigualdades no mundo e culpando os governos pela crise. Tiveram batucadas e as pessoas cantando juntos a música “this is what democracy looks like”.

Mas mesmo assim foi legal presenciar isso tudo. Acho que é muito importante a proporção que todas essas manifestações estão tomando e principalmente a forma como elas estão acontecendo, todas articuladas dentro do espaço virtual convocando as pessoas e mobilizando-as. É um novo tipo de movimento que mesmo a grande mídia está com dificuldade de absorver, como foi falado nessa matéria da aljazeera.

Amsterdam sem bicicleta

Amsterdam é também muito bem servida de transportes públicos e há diversas opções para se viajar pela cidade sem uma bicicleta. Dentro da cidade tem linhas de ônibus, tram e metro que cobrem quase toda sua extensão e para se ir mais longe, ou outras partes da holanda e da Europa tem também o trem.

Em todas as estações há mapas da cidade com as outras paradas marcadas e o trajeto das linhas de tram e ônibus, além de uma listagem com todas as linhas que passam naquele ponto e os horários em que cada um passa, e eles realmente passam nos horários certos.

OV Chipkaart

Uma boa opção para alguém que vá se deslocar mais do que 4 vezes na cidade é comprar um OV Chipkaart, é um cartão que funciona mais ou menos como o rio card. Com esse cartão, a pessoa registra na maquina do ponto em que entrou no ônibus, trams ou trens e no que saiu dele e assim paga a passagem proporcional ao trajeto que se deslocou e não o valor integral. Tem que estar atento para registrar o ponto em que saiu do veículo, porque qualquer erro que a pessoa cometa, seja deixando de registrar ou registrando mais de uma vez, uma multa é cobrada e a multa é mais cara do que a passagem integral. Em outubro de 2011, a passagem de tram sem o cartão custa €2,60 , geralmente eu pago €1,00 utilizando o cartão e a multa por não registrar a saída ou a entrada em um veículo é de €4,00.

Maquina para carregar os OV Chipkaart

Existem vários tipos de OV Chipkaart, um que é anônimo e qualquer pessoa pode adquirir nas máquinas que se encontram espalhadas nas estações, são as mesmas máquinas em que pode-se colocar mais dinheiro nos cartões caso seja necessário. Esse modelo serve para se viajar nos transportes e pagar apenas o percurso feito, ele é o mais barato( em outubro de 2011 custa por volta de €10,00).

O outro tipo do cartão é o nominal, e você deve se inscrever para fazer um. Ele é mais caro do que o  anônimo(custa por volta de €50,00), mas dá desconto também em viagens de trem, então se a pessoa planeja conhecer outras cidades também vale a pena, com apenas uma viagem para 3 pessoas o desconto provavelmente já paga o cartão. A grande vantagem desse modelo nominal é que o desconto não é só para uma passagem, a pessoa pode comprar a dela e mais duas passagens com desconto utilizando este cartão.

No site oficial tem todas as explicações em inglês de muitos outros tipos de cartão de transporte que podem ser adquiridos pela pessoa, vale a pena dar uma olhada.

Tem muita coisa boa, mas melhor não tem.

O mais rápido e melhor meio de transporte para ser usado em Amsterdam é o camelo.

A cidade é muito amigável para ciclistas. A malha cicloviária da cidade é gigante, quase todas as ruas tem ciclovia e nas poucas que não tem a bicicleta tem preferência. É tudo muito bem sinalizado para organizar o trânsito de bicicletas, que é o mais intenso entre todos.

As distâncias, topografia e clima da cidade são muito favoráveis ao uso de bicicleta como meio de transporte cotidiano. Amsterdam é uma cidade grande com proporções de cidade pequena e as distâncias são facilmente percorridas de bicicleta. Pelo fato de ser uma cidade plana, não há necessidade nem mesmo de uma bicicleta com marchas, não há montanhas, nem ladeiras grandes para subir. O clima ajuda também, você pode rodar a cidade inteira de bicicleta que muito dificilmente vai chegar suado ao destino final, muitas vezes pedalar te salva de ficar sentindo o frio que costuma fazer.

Acho ainda que é o meio mais rápido de se deslocar pela cidade. O tram e ônibus costumam dar muitas voltas para chegar aos pontos e carros não podem entrar em qualquer rua. O problema maior é achar vaga para estacionar a bicicleta, apesar da cidade ser coberta de paraciclos e bicicletários, estes estão sempre apinhados de bicicletas presas então é muito provável que você tenha que se meter no meio de um monte de bicicleta para poder prender a sua e mais ainda para tirar depois que colocaram pilhas de bicicletas em cima da sua.

Há bicicletas de todas as naturezas aqui, é impressionante a diversidade de modelos que se vê nas ruas. Existem todos os tipos de adaptações para diferentes usos das bicicletas: cestinha na frente, cestinha atrás, carrinho na frente, banco extra no quadro, banco extra na carona, banco extra na frente do guidão …

Também, bicicletas dobráveis. São boas, especialmente se você for andar muito de uma cidade para outra de trem. Com bicicletas normais tem que pagar uma taxa extra pra colocar dentro do trem, já com as dobráveis não. Sem falar que não precisa achar lugar para deixar ela na rua toda vez, pode dobrar que ela fica pequena e dá pra levar pra dentro dos lugares.

o black pearl

O modelo mais comum aqui é a Omafiets que traduz-se para bicicleta da vovó (fiets = bicicleta, oma =vovó). O quadro dela lembra o da caloi ceci, ele é baixinho na frente, é bem confortável de dirigir. Muita gente aqui usa freio contrapedal, então é bem fácil de achar pra comprar bicicletas com esse tipo de freio, eu nunca tinha usado mas me acostumei rápido a ele.

Pra comprar bicicletas aqui tem muitas opções: existem lojas especializadas, lojas não especializadas, vendedores de rua e feiras.

As lojas especializadas que eu encontrei tinham bicicletas muito boas, as melhores, mas foram as mais caras também, talvez tenha sido azar meu. Eu visitei uma chamada Fiets Fabriek.

Em lojas não especializadas também dá pra encontrar umas magrelinhas bem legais. A Hema (uma loja que vende de tudo, desde material escolar, até panelas, roupa de cama) tem umas bicicletas bonitas, mas são muito caras também. O que talvez valha a pena comprar nela são os acessórios para a bicicleta como cestinha, luzes e buzina.

É possível também encontrar pessoas vendendo bicicletas na rua. Mas tem que pensar duas vezes antes de comprar, porque a maioria delas são bicicletas roubadas. São muito baratas, tipo 20 euros, mas se você for pego pela polícia comprando uma delas pode ser preso junto com quem está vendendo.

E tem nas feiras da rua, que tem bicicletas de segunda mão. No mercado de pulgas da Waterlooplein tem várias barracas que vendem, lá é tranquilo, as bicicletas são legais e dá pra negociar bem com os caras. É uma boa idéia ter uma bicicleta de segunda mão em Amsterdam por causa do índice de roubos, a maioria dos moradores tem bicicletas assim, as vezes parece uma competição pra ver quem consegue andar com a bicicleta mais ferrada.

Eu comprei uma omafiets por 70 euros numa barraca do mercado de pulgas, ela está quase nova, muito bom estado mesmo. Ela é a mais comum mesmo por aqui, esse modelo nessa cor: preta com a parte traseira do paralamas branco.

É importante ter as luzes na bicicleta, apesar de muitas pessoas ignorarem isso, senão você pode ser multado a noite. No mercado vende leds que dá pra prender na bicicleta ou na roupa, tanto faz aonde as luzes estejam presas desde que seja luz branca na frente e vermelha atrás. Isso diz muito a respeito de como os holandeses tratam as coisas, eles são bem práticos e objetivos.

Por fim, o artefato mais importante que deve acompanhar a bicicleta é a tranca. O índice de roubo é gigante e é sempre furto, então não há porque se preocupar em ser assaltado e levarem a sua bicicleta, mas se der mole e largar ela sem estar presa direito a chance de perder a magrela é grande.

É isso, em Amsterdam a melhor parada é arrumar uma bicicleta o mais rápido possível pra passear pela cidade. É definitivamente a melhor forma de se deslocar.

Um natural de Amsterdam

Olá mundo,

estou morando aqui em Amsterdam desde o dia 17 de agosto e vou passar o resto do ano de 2011 e até setembro de 2012. Este blog vai ser o repositório da minha exploração pela Europa.

Vou deixar aqui arquivado as informações para caso sirva para alguém  que venha no futuro também morar aqui na Holanda, que venha para passear, ou pelo menos para que eu mesmo possa ver mais tarde e lembrar dessa minha experiência.